terça-feira, 14 de abril de 2009


Trilhos frouxos
Desvirtuou-se o vagão de um destino qualquer...
Há sempre um eixo invisível
Há sempre um mistério indizível
Nos interstícios dos poros...
Sem querer, nos flagramos olhando de cima,
Além dos que os poros podem exalar,
Cheiro de café ou de merda;
Não importa, o dilema é problema da razão
O sentimento não se conhece
A razão se compromete, em Dizer.
A língua sacoleja
E ir a Dizer ficou fácil...
Mutável Dizer,
Conhecer-te tornou-se o eixo invisível,
Conhecer-me tornou-se momento
Crivo, infalível do tempo
Que agoniza, entre bichos enamorados...
Dois bicudos que se beijam
Línguas que se entrelaçam
Guerra entre mim e meu destino,
Mim é palavra
Desatino, que não se beija,
Sou eu mesmo, o caminho
Espinho que se maltrata
Quando doado a bela, que o espinho jamais poderá ser.
A rosa dada a bela
O sangue dado ao espinho...
Ora! É minha veia assanhando um desgaste,
Pois nada além de sangue a mais da sela, é cavaleiro
Nada além de cavaleiro derramar sangue por assanhamento,
Nada além de um cavalo;
Ora veia, ora bela, ora égua,
Era espinho
Com seus desejos de humano,
Que sabe ver os seus delírios
Correm os trilhos, os hinos,
Os sentidos inventados, cavalo,
Cachorro, gato...
Tudo cheira e exala pelos poros
Que flagram de cima:
Bebendo café e inalando merda.

Joyce Rodrigues em parceria com Jessé Castilho

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pés de chumbo


Braços frustrados; Pés pesados.

À sete palmos eu choro sua distância.
Eu sou tristonho te enfiando pés cabeça sete palmos.


Peço: ― catalepsia!!!


Eis que ressurge Unhas de Ferro!


Penetra em meu corpo arrependido e cansado este desajeitado...
Dança ao meu lado e não pensa
este morto-vivo, zumbi, a quem tenho amado...


Joyce Rodrigues