quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A sacada de Olimpo


O que é isso Zeus?
Um olimpo de intrigas pervertidas
repousando sobre o capitel das colunas,
que já quase não aguentam a profundidade de suas estruturas rasas,
do tripé manco
sustentando templos de areia,
pois todos nós dispensamos grãos em terras inférteis.
Onde o grão cai nada nasce
nem pode, o útero seco
nem recebe nem doa luz ao mundo
tem apenas uma leve impressão resumida em conceitos
como prognósticos fora da validade receitados por doutores da hipocrisia
no hospital da insanidade
à beira do mar, a beira da morte,
e da sacada
no equilíbrio do parapeito
para querer me arremessar todos os fantasmas do âmago
assombrando a soleira
se derramando sobre cabeças ineptas
mentecaptas
e pára o peito necessariamente por um segundo
uma parada cardíaca
em plena parada de ônibus
A chuva
se une as lágrimas da correnteza o fim no esgoto,
corrente... correntes...
que nunca se quebram
os cálices,
os pré cacos já cortam o pulso
e cerram impunemente o baço
extirpa-o vai ao apêndice,
chega a inflamada pedraria.
Quem nunca pecou, que atire uma pedra do seu apêndice
e tire dos rins da renovação um pingo de força para o alheio,
uma gota de soro,
o açúcar da alma e o sal da genitália,
evolando, exalando
ovulando migalhas
estéreis...
Arraste a bola desta corrente,
pois,
você tem que aguentar pelo menos o seu próprio peso,
o próprio preço da condenação.
A inquisição até hoje nos assola a consciência.
O dilema perpétuo,
o eco luciferificado nas catedrais do inconsciente.


Joyce Rodrigues em parceria com Jessé Castilho

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