segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Poentítese


MOTE: Jamais veríamos a luz das estrelas
se o céu não fosse breu.


Quando o breu, que anda vagarosamente em minúcias,
deliciando-se das palavras do poeta
tomar de vez a terra que existe em sua cabeça;
saberá finalmente a função da poesia e
a função do poeta.

E depois que seu corpo
estiver efetivamente destruído,
falido, no breu total do entendimento,
rendido aos prazeres das palavras,
que em saltos mortais emanciparam-se de um palato,
poderá finalmente saber o que está fazendo,
e que por onde caminhou, té aqui tão seguro;
nada mais era, que a beira de um abismo,
cego de tanta luz.

O poeta não caminha frente à luz.
Ele foge, como um vampiro do sol,
quer ser gelo, quer ser o eu lírico apenas,
quer ser morte para não ter que morrer novamente.
Quem conhece a luz não borra o papel com tinta preta,
reescreve os fins no pergaminho com tinta breu.

Joyce Rodrigues

Um comentário:

Rafael Haddad disse...

Você continua me agradando... será que vou ter que esperar muito pelo próximo sucesso?

bjks.