domingo, 14 de setembro de 2008

Subúrbio da alma


Estou só.
No momento,
retomando a boca do subúrbio da minha alma.
Não posso ter dó.
No monumento,
escarro tendo fim na laje, que uns homens bateram até que ficasse bem rígida.
Era necessário que fosse dura,
ou levaria no peito as rajadas das metralhadoras
dos homenzinhos que tentam invadir minha favela.
Por isso...
não reclamem do colete que carrego frente o coração...

Estou só.
E estou armada. E isso é necessário.
Tenho apenas um subúrbio na alma para ser tomado,
e mesmo assim, de vez em quando, um pilantra aparece por aqui tentando invadi-la.

Deve ser porque a boca é valiosa...
contém informações e declarações nunca antes ouvidas...

A Reforma que tive que fazer quando tive dó, não tem reembolso.
Então não tenho dó e não tenho dor.
Estou de pé, protegendo o subúrbio da minha alma.
Estou só.
Joyce Rodrigues

Um comentário:

Rafael Haddad disse...

Nossa... de onde sai tudo isso?

bjks