sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

À força


Por que ainda a vontade de chorar?
Por que ainda as pessoas como castigo?
Por que ainda lembrar que não sei amar,
Que não sei me dar?

Por que o olhar perdido?
Por que não sei ser tranquilo?
Por que a postura envergada?
Por que os olhos ao chão?
Por que ainda o comichão?
Por que não sou livre de mim,
este corpo que insiste em ser triste,
que insiste em ser arrependimento
doente
levado
maltrapilho
malvado

Por que o nada?
Por que o nada?
Por que mais um passo o abismo?
Por que insisto em ser poço?
Água barrenta.
Tudo em mim é camuflado.
Por que o esconderijo?
O alçapão em baixo da casa.
Por que as mãos dadas a mim mesma?
Por que o gozo por mim mesma?
Por que ainda egoísmo?

Por que ainda ser estranho,
diferente?
Por que ninguém ainda com olhos tão grandes
que me enxerguem melhor, que me devorem?
Quero ser refeição
alimentar almas.
Cansei de ser veneno, cansei de ser facada.
Eu quero ser caminho. Cansei de parar na bifurcação.
Cansei de ser dúvida, cansei de ser não.

Mas meu corpo insiste em ser este ser triste.


JoYce Rodrigues.

Nenhum comentário: