sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O aceno das mãos


A caixa torácica querendo deixar de ser
apenas caixa
pulsou tão alto que chegou aos seus ouvidos
sensíveis
Mas suas mãos com receio da surpresa do que havia lá dentro
pôs uma pedra em cima cerrando a expectativa
do novo salto.
E a caixa se fechou.

Os olhos ansiando sua imagem
miraram você tão longe e tão profundo,
que suas mãos,
com receio do que os olhos poderiam ver
vendaram o rosto
com delicadeza,
E os olhos cegaram.

Meu corpo.
Meu corpo querendo seu peso,
querendo morrer sufocada em sua respiração
gemeu tão alto, que ecoou pelo espaço,
e você,
com receio de atender ao chamado,
abriu suas mãos,
deixou que se perdesse,
ecoasse pelo mundo,
e caísse em outros corpos.
Meu corpo, que não pôde mais bailar
se calou.

Um dia, suas mãos enrugadas,
apontaram o indicador para si mesmo ao espelho.

JoYce Rodrigues.

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